não é apenas não querer ir, espero que entendas, é mais querer ficar sozinha. e é impossível ficar sozinha com tanta exuberância regional à volta. mas se há alguém que se acha capaz dos impossíveis, esse alguém sou eu. e ainda por cima lá vem mais um dia da mãe. odeio o dia da mãe, odeio, odeio, odeio. nunca sei ao certo o que sentir. blé (língua de fora) para o dia da mãe.

minha querida suzanne, esse dia chegará. tão certo como o sol de verão.

amor
Cindy

Um dia destes, quando menos esperares, aparecerei triunfante numa festa, num jantar recheado de gente, trajando um belo vestido vermelho ou de um azul forte, ou qualquer outra cor que trará os teus olhos até mim sem hesitação, e que trará também todo o teu desejo, as tuas mãos, de que tenho saudade imensa. Não me importa que me digam que o desejo de vingança tomou conta de mim, porque é essa onda fria, quase gelada, que tem parado as minhas lágrimas, que me deixa dormir, que leva o meu sono e os meus sonhos para longe de ti, muito longe de ti. Nesse dia, eu sei, já não vou querer as tuas mãos a tocar-me o cabelo, já não vou querer que a tua boca deixe beijos no meu pescoço, nem palavras bonitas no meu ouvido. Já não te amarei, meu querido A.. Já te poderei cumprimentar com um sereno aperto de mão.

ontem, inspirada pelo amigo darwin (que fazia aniversário no mesmo dia que eu) fiz uma lista dos prós e contras para me ajudar a tomar uma decisão. que no meu caso foi uma lista das vantagens e desvantagens de ir. e não é que o método funciona? trancada na casa de banho, escrevi com letra de forma de um lado tudo de bom e do outro lado tudo de mau. ficou linda a minha listinha, só um mísero borrãozinho. reli tudo, mais do que uma vez, e apesar da lista das vantagens ter o dobro dos itens da lista das desvantagens, eu decidi ir na mesma. porque ele merece. e por amor.

question: se eu der como desculpa para uma ausência 'motivos profissionais' e a única profissional em causa naquela hora for a minha esteticista estarei sendo uma grande aldrabona ou apenas a brincar com as palavras?

Annie Lemos chamada à recepção do blog. Temos ar para partilhar contigo. Também há gomas, pipocas e abraços apertados.

as três meninas aí de cima estão tão sérias, não é? não é por acaso...
nós também já fomos mais sorridentes, mais tontinhas, mais inseguras, mais novas. mas nosso olhar agora é profundo. e é em frente. tal como o delas.

Cindy, minha querida amiga
O batuque do teu coração será sempre certo e não há nenhum electrocardiograma que me possa desmentir. Gosto desse coração e de tudo o que o protege.

beijos
Suzanne

hoje fui fazer um electrocardiograma porque três profissionais aconselharam-me a fazê-lo depois de ouvirem o meu batuque interior. nunca fui frágil, nem fisicamente nem emocionalmente. tive uma infância super-saudável, depois sangrei e continuei a ser 'forte como um touro' (lembram meninas?). tenho ancas de boa parideira (ainda que sem provas dadas), rosto corado de menina das quintas e a plena consciência de que nasci com um corpinho feito para amassar folares, apanhar batatas e ameaçar os putos com tareias. (dará Deus o corpo conforme o destino?)
agora parece que o meu coração bate noutro ritmo, parece que suspira, que é frágil, tadinho. amanhã sai o resultado e logo ficarei a saber se bate um coração de poeta dentro deste corpo de taberneira.

querida suzanne, eu também estou muito, muito, muito orgulhosa de ti. embora não pareça adequado dizer isto, estás de parabéns. you should be feeling wholehearted (esta não é uma palavra linda?).

amor sempre
Cindy

Estou orgulhosa de mim. Das palavras ditas, das dúvidas desfeitas, dos pratos limpos. Agarrei a tua mão pela última vez e beijei-a: obrigada, meu amor, por tudo o que me deste. Gosto de ti sempre, para sempre.

A minha vida é um draft, um grande draft.

Suzanne

bem, parece que falhei o timming, coisa que acontece com frequência, mas é mesmo assim querida suzanne: that's the spirit!

aproveito para vos dizer que temos uma vaga para a britney pires. :-)

amor
Cindy

queridas annie e suzanne,

may I remind you (e gostava de escrever isso aqui ao lado mas ainda não descobri como) that this is no blog for drafts: what you feel is what you publish.

amor
Cindy

Annie e Cindy,
No dia em que me apaixonei pelo A. deixei de roer as unhas. Cresceram lindas e viçosas, as unhas, como se tivessem adubo e água fresca todos os dias. Cortava-as sem olhar a segundas, quartas ou superstições.
Regressada de Paris, onde fui secar o cartão de crédito e reabilitar o coração. Estou cheia de Chanel e beijos para vos dar. E voltei a roer as unhas, para que conste.

Querida Cindy,

Ainda bem que tomaste a iniciativa e alugaste este espaço na blogosfera. Bons ares se respirarão por aqui e maus ares se despacharão pela janela.

beijinhos
Suzanne

Minhas queridas,
Cá estou, o primeiro post.
Isto não anda fácil, deve ter sido por ter cortado as unhas num Domingo.
Ao que parece se o fizermos choraremos toda a semana.
Mas Cindy, estou contigo na desmistificação desse mito altamente temido por toda a manicure que se preze.

Love and rockets
Annie

querida annie e querida suzanne:

voltei a cortar as unhas das mãos (e dos pés!) sem ser numa segunda-feira. estou cada vez mais corajosa... ou cada vez menos supersticiosa. de qualquer forma, aguardo os vossos parabéns.

amor,
Cindy