29 de maio de 2009

Só tive tempo de deixar-te um beijo perigosamente perto da tua boca, e deixar-te a mão em cima do peito. Estivemos sempre de mão dada, tentando ser amigos, fugindo de ser amantes, contando coisas da vida no pouco tempo que tínhamos. E foi muito pouco, ou talvez ele tenha passado demasiado depressa. É o que sentimos quando estamos bem, quando estamos a fazer o bem. “E continuo a gostar muito de ti”, foi a última coisa que disseste antes de eu sair do teu quarto. Já tinhas os olhos rasos de água. Saí depressa para não voltar atrás e beijar-te definitivamente na boca.
Dentro de cada um de nós há um brilhante e frágil tesouro.
Por isso temos de ter muito cuidado a quem damos o mapa que leva até ele...

28 de maio de 2009

Assim sou eu...

Soy tu aire
Soy de agua
Hago surcos
Pequeñitos
En la cera
Derretida
De tus ganas
Y voy entrando poco a poco, muy poquito
En tus cosquillas
Me acomodo, te incomodo, pa que rías
Y me cuelo en este enredo sin llamar
Sin avisar
Soy tu aire
Soy tu agua
Tu me bebes
Te atraganto
Me respiras
Te salpico
Tu me tragas
Y me entretengo, juego un rato en tus recuerdos
Me los pongo en mis enaguas
Hago trizas tus lamentos, creo fantasías locas
Y confundo tu memoria con la punta de mis besos
Soy del aire
Soy del agua
Soy del aire
Soy del agua
Vuelo libre
No me ates
Que me escapo
Entre medio
De tus dedos
Impasible te convierto lo imposible en impensado
Y construyo en lo inseguro
Un futuro improvisado
En que uno y uno no hagan dos
Y los demás estén de más y ya no sean nadie
Soy tu aire
Soy tu agua

Perfeito para alguém meio Aquário, meio Peixes, com um travo de Carneiro pelo caminho

(letra da canção Soy ty aire, Labuat)

27 de maio de 2009

listas, listas, listas, eu adoro fazer listas! (e detesto ter que deitá-las fora depois).
listinha da ida ao celeiro, ontem:

1 pão de arroz
2 embalagens de incenso
1 pacotinho de alga agar-agar
500 gr de millet
500 gr de arroz basmati integral
vinagre de ameixa (weeeeeeee!)
250 gr de seitan
500 gr de tofu
1 pacote de massa soba

26 de maio de 2009

a sério amigas, pode não parecer mas estou feliz. correcção: sou feliz. mas isso vocês já sabem. o que me chateia (e falo disso porque sou um bocadinho reclamona) é esta minha habilidade intrínseca para fazer a mesma cagada... no mesmo sítio! caramba pá, ainda lá está a nódoa (oi? alerta!) e eu lerda, cega e desmemoriada, repito o cócó no mesmo sítio. e ainda admiro-me!

longa vida à blogosfera saudável!

25 de maio de 2009

Fiquei muito contente por saber notícias do Handsome, do blogue "Efeito Fotoeléctrico". Não sabia nada dele há mais de dois anos. E com ele chegaram-me lembranças (nem eu sabia que já tinha passado tempo suficiente para haver lembranças) de uma blogosfera saudável, despretensiosa, onde se vivia uma virtualidade cheia de sentimento. Entrávamos num blog como se entrássemos num café. Um puxar de cadeira, um cigarro na mão e a conversa corria. Às vezes até podíamos jurar que ouvíamos música, um registo quente, envolvente, que nos fazia ficar só mais um bocadinho. Tenho saudades desse tempo e dos blogues desse tempo, que lia e comentava com prazer. Voltava sempre, apetecia-me voltar sempre.
queridas annie e suzanne,

não cessa de me surpreender o carácter cíclico de todas as coisas. esta imensa bola azul onde moramos não pára de rolar e tudo, mesmo tudo, um dia volta ao início, volta ao seu devido lugar. a máxima 'se queres saber como é o futuro, olha para o passado' é uma verdade libertadora, porque por mais evoluídos e experientes que nós sejamos, continuamos a cometer os mesmos erros, over and over.

amor
cindy

20 de maio de 2009

Minhas amadas Suzanne e Cindy,
O que precisamos são mesmo Verões quentes para descongelar corações e manhãs frescas para adoçar a alma.
Sabem que o verão não é a minha estação favorita do ano, sou mulher de frio e chuva.
Mas há dias em que gosto do Verão, gosto dos finais de tarde, e das madrugadas.
Esta semana está a ser dura. Mas dias melhores virão e eu não me importo que sejam os do Verão....

19 de maio de 2009

hoje adorei sentir o pulsar da cidade às 6h30 da manhã. o sol ainda na preguiça, o friozinho, atletas e trabalhadores correndo. às 7h04 já estava à porta do centro de saúde e dentro de um scketch dos contemporâneos, tantas foram as vezes que se disse 'se fossem mázé trabalhar' e tantas eram as caricaturas à minha volta. uma velhota descreveu em pormenor como é que matava as suas galinhas (e o tumor que extraiu de uma delas) e um imigrante africano partilhou connosco a sua conclusão de que aquilo que nos falta é 'capacidade de sofrimento'.
assim mesmo. biologia e filosofia. em jejum, logo pela fresca.
Ainda se lembram da história do café? A verdade é que já não quero café nenhum (se ainda fosse um chá de menta). A verdade é que não tenho vontade nenhuma de voltar a ver-te, porque esse encontro, que um dia me pareceu inevitável, trará de volta uma história que já está guardada. Tudo o que eu quero é tempo para esquecer: olhares, palavras, trajectos, rituais, esperas, horas oferecidas como se fossem presentes. Tudo o que eu quero é um caminho novo e uns sapatos novos, todo-o-terreno, que me levem deste lado para o outro. E um Verão quente, muito quente, para descongelar o meu coração.

14 de maio de 2009

Um café

Dou por mim a ensaiar muitas perguntas e muitas respostas. Para quê? Sei que não vou usar nenhuma delas. Dou por mim a pensar em todas as maneiras de esconder as minhas mãos nervosas. O sangue correrá quente, a escaldar, romperá caminhos sem nenhuma piedade. E eu sentirei o meu peito a atraiçoar-me, respiração galopante que não poderei controlar. Talvez leve uma gola alta para esconder esse descontrolo. Talvez ela me salve, talvez ela me guarde como um anjo. Mas voltemos ao alinhamento. Quero ver-te, mas não quero ver-te. Será que entendes esta minha indecisão? Quero voltar a tocar-te. O rosto, o cabelo, a barba. Quero saber que notícias novas terás para mim. Quero saber o que pensaste, o que fizeste, enquanto estivemos separados. Parece que passou muito tempo, mas talvez não tenha sido suficiente para me libertar desse magnetismo que trazes no corpo, que não me deixa pensar, que engana a razão, a minha razão. Mas quero voltar a ver-te.

13 de maio de 2009

querida annie, my million dollar friend: always protect yourself.

amor
cindy
querida suzanne, que a idade não seja nunca impedimento (quando muito um contratempo). assim espero eu.

amor
cindy
o tempo passa e eu não tenho mérito nenhum nisso. mas orgulho-me sempre do tempo que passa e é um orgulho meio besta esse, o orgulho do tempo que passa. será um orgulho da endurance ou da teimosia? and who cares? eu sinto como se fosse vencendo etapas de uma corrida imaginária para alcançar uma meta que eu nem sei bem qual é. mas nem por isso abandono a pista.
fez um ano no domingo. jura? ainda não acredito que vai acontecer e já passou um ano! e um ano tão feliz, mostly of the time. quem me dá a patada na porta do prédio nº 23 também é quem me vai buscar um copo de água de madrugada. então é assim, aprendo eu, quem morde é quem beija. o tempo passa e eu não tenho mérito nenhum nisso. estou linda na mesma, lindíssima com os mesmos brincos do dia do casamento, o cabelo macio, as unhas cor de sangue e não preciso de ti. mas please don't leave me.

Pink - Please Dont Leave Me

12 de maio de 2009

Li hoje no jornal Público que Bob Dylan foi o cantor mais velho (está prestes a fazer 68 anos) a chegar ao número 1 do top de vendas de Inglaterra. É um feito admirável e é a prova que a idade não é impedimento para fazer coisas maravilhosas. Aqui fica um cheirinho, 30 segundos de cada uma das músicas, do novo album Together through life:

Sinto-me vazia
Um copo que foi bebido até à última gota e já não tem onde buscar mais recursos...
Fico triste porque quem me bebeu não me saboreou devidadmente
Não encontrou todas as minhas matizes
Quem me bebeu, bebeu-me sem consciência daquilo que estava a fazer, sem ter consciência que lhe estava a dar o meu mais precioso nectar... o meu mais profundo eu.
Por isso hoje estou triste, mas amanhã estarei melhor...
Viveremos melhor separados, foi o que pensei. Mas depois olhei para aquela fotografia e o meu coração ficou apertado, contraído, como se tivesse muito frio. E recuei na minha decisão. Voltei a chamar-te para a minha vida. Quero ver-te feliz, quero esse olhar magnético de volta. Podes trazer os teus exageros, gestos dramáticos, imitações, desafinações e até a colite inflamada. E que voltem também as nossas risadas, risadas de felicidade pura, como tu próprio escreveste um dia.

8 de maio de 2009

Uma escolha perfeita, minha querida Cindy. Fernando Pessoa é um maravilhoso intérprete das emoções, dos sentimentos e das potencialidades do ser humano. E podes não acreditar, mas antes de ter visto o teu post, tinha estado precisamente a ler um poema de Fernando Pessoa: "A maior empresa do mundo", e fez-me tanto sentido.

from me to you

"Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas, que já têm a forma do nosso corpo, e esquecer os nossos caminhos, que nos levam sempre aos mesmos lugares. É o tempo da travessia: e, se não ousarmos fazê-la, teremos ficado, para sempre, à margem de nós mesmos."

Fernando Pessoa
sonhei que o 'adonis' do meu trabalho parava no corredor para falar comigo e que delícia que era ele a dar-me atenção. tinha o cabelo mais curto e a pele mais clara, mas era ele, definitivamente. ali, conversando comigo, sorrindo com gosto, como se eu fosse a pessoa mais encantadorada do mundo e o tempo não passasse nem nos cansassemos de ficar ali em pé. fora do mundo dos sonhos ele realmente dá-me uma atenção extra, eu sei que dá. primeiro duvidei mas depois tive certeza. e porque é que estas ninharias são suficientes para uma mulher recém-casada (até quando posso dizer récem?) acordar com um sorriso na cara e ficar com ar de palerma o dia todo? porque o meu ascendente é gémeos, deve ser por isso… há esta euzinha aqui mas há muitas, muitas mais lá dentro.
querida annie e querida suzanne,
olhem em frente e não para as margens, olhem para o fim do caminho e não para as curvas, vejam aquela que querem ser lá à frente e foquem-se nisso, segurem na mão que está ao vosso lado, respirem fundo, sigam com confiança e passem no teste.
estou na torcida.
amor
cindy

7 de maio de 2009

Minhas amigas, quando lerem ou ouvirem qualquer coisa parecida com "Foste e ainda és uma das mulheres mais bonitas que eu já conheci em toda a minha vida" fujam e reservem todo o stock de lenços de papel do supermercado mais próximo. Ele já arranjou outra. Podem também juntar-se ao programa DRASF (Desmame de Relações Amorosas Sem Futuro).
Minha querida Annie,
Não sou mais forte do que tu, acredita. Apenas não chegou o momento certo de tomares a tua decisão. Quando esse momento chegar sentirás uma força enorme, sentirás a tua vida nas mãos, o valor imenso que ela tem. As certezas virão ao de cima, haverá bandeiras verdes por todo o lado e um caminho certo para percorrer.

beijos e abraço apertado
Suzanne
Os últimos tempos têm sido duros.
Em vários aspectos.
Tenho uma dificuldade intrínseca em deixar coisas para trás.
Em ... let go... Mesmo quando as evidências estão à minha frente... mesmo quando me estão a acenar com uma bandeira vermelha...
Queria muito desligar... ser capaz...
Gostava de ser forte como tu, Suzanne... Mas sou uma fraca que cai vezes e vezes e vezes sem conta na mesma armadilha.
Prometo posts mais bem dispostos e esperançosos, mas hoje precisava pôr estes sentimentos a arejar...
*causa-me sempre um certo desconforto gente que comenta as despesas com o nível de detalhe de um contabilista. eu não quero saber quanto custou um água em paris ou um café em madrid, e qual a diária em sevilha e quanto custa uma sopa e um city tour. eu quero é saber se estava geladinha, se vinha com um bombonzinho atencioso do lado, se a almofada era fofinha e se a vista era bonita. e se possível sem etiquetas, pleeeeze.

*se oiço ou leio em mais algum lado 'o bom tempo que se tem feito sentir' minha cabeça explode. que frase mais chata!

6 de maio de 2009

querida suzanne, it's all about the choices. o cainer está certo. e tu também estás.

amor
cindy
O meu ano de 2009 promete. Saturno anda a fazer das dele. Nos últimos dias ando com a previsão astrológica do Cainer para todo o lado. De manhã, à tarde, à noite, leio-a como se fosse uma oração e as minhas esperanças renovaram-se. E ele escreve a certa altura: "Soon, you won't have to keep going round in the same old circles, feeling obliged to accept the same old things. Physically, emotionally - even in terms of your health and well-being, you are now in a position to make choices that bring results and actually do benefit you. Whilst it will take a while to put some of these processes in motion, there is no doubt that you will enjoy successes this year that stand you in good stead for the whole of the rest of your life."
Amen
muito, muito, muito trabalho.
pequeninos pedidos, mas muitos, todos seguidinhos. lista de espera. ficheiros de excel. e-mails em inglês. updates. press releases.
muito, muito, muito trabalho.
podia ser uma coisa má. podia, mas não é.

5 de maio de 2009

Dentro do meu peito um desejo martelo

estou cheia de amor por ti e o trabalho me aborrece. faço asneiras e só me apetece ir embora, porque quero pensar em coisas mais importantes e estou cheia de amor por ti.

Lenine - Martelo Bigorna

2 de maio de 2009

O meu pai nunca foi de muitas palavras, mas é um homem maravilhoso, sensível, de grandes gestos. No momento em que mais precisava abraçou-me com muita força e disse-me que a minha dor era a dor dele e que chorasse.