28 de junho de 2009

Sinto-me como se tivesse chegado de uma grande viagem. Uma volta ao mundo em muitos dias, não sei precisar quantos. Voltei. Doem-me as plantas dos pés a cada passo que dou, no caminho que faço até à porta de casa. Será mesmo a minha casa? O chão de madeira, as paredes brancas, cobertas de retratos, as reproduções trazidas das lojas dos museus, os livros, os filmes, os cds, o candeeiro de pé de ferro comprado numa estação de metro. Juro que não queria voltar. Sinto a dor nos pés novamente. Gastei a força, o dinheiro, gastei também a memória deste espaço onde tantas vezes te beijei. Arrecado esses beijos entre os meus lábios. Abracei-te tantas vezes. Dia após dia regressavas mais precisado desses abraços. Quero estender-me na cama, puxar o lençol azul, com folhas brancas, para cima do meu corpo, até ao começo do pescoço. Quero ficar de lado, virada para a janela do quarto. A luz forte do sol que me faz chorar os olhos, como uma cebola brava. Um pedaço de céu azul, outro branco, outro cinzento. Juro que não queria voltar.

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