19 de junho de 2009

Chega de lamúrias, chega de choros e de chorinhos (ainda que aprecie muito este género musical). Chega, ouço eu na voz de Mart'nália. Chega de gastar energia na dor, na teoria da dor, nas coisas que inventamos para esquecer a dor. Só gosto (é forma de dizer) da dor do fado, porque me chega cantada e diluída nos versos, quebrada pela guitarra, como vodka que enfraquecemos com sumo de limão. Dor de outra pessoa parece sempre menos dor, porque a nossa dor é a dor. Mas eu não quero fazer parte deste processo, nunca quis. Resisto, expulso, cuspo para longe, como se fosse veneno de serpente sugado de um braço. Dizem que faço mal, que o luto é para se fazer. Mas eu não quero fazê-lo, não me apetece, acho perda de tempo, ainda que ande muitas vezes de preto. Cuspo para longe, a dor.

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